sexta-feira, 24 de junho de 2011

MARCHA DO ÓDIO...

Amigos, o fundamentalismo religioso é uma doença social e espiritual, altamente contagiosa, alimentada pelo senso comum e pelo subjetivismo que se acha muito inteligente, pela ausência de formação científica adequada nas escolas espertamente mantidas por igrejas, pelo emocionalismo barato sendo explorado por pregadores gananciosos...

Observem as lideranças evangélicas nacionais dessa "marcha para Jesus"... Marcelo Crivella (da Igreja Universal - sem comentários...), Silas Malafaia (vocês já viram esse indivíduo falando na tv? Eu nunca vi alguém mais violento e raivoso, pior que Bolsonaro!), Estevam Hernandes (sim, o "apóstolo" da ex-igreja de Kaká que foi preso tentando entrar  nos EUA com milhares de dólares escondidos em bíblias!)...

ISSO é cristianismo. Sua própria Bíblia diz: "pelos seus frutos os conhecereis". Esses são os frutos do cristianismo. Parem de se enganar: eles são A REGRA E NÃO A EXCEÇÃO. Sofreram lavagem cerebral (os seguidores -- porque no caso dos líderes, duvido totalmente de sua sinceridade!) e acreditam cegamente que estão fazendo a vontade de um ser supremo (que, pasmem, seria o bem supremo e a sabedoria suprema).

Para se defender, como não têm argumentos lógicos, usam "pérolas de sabedoria" do tipo: "os cientistas são todos ateus, portanto, não leve a sério o que eles falam" (exceto na hora de recorrer aos avanços científicos, porque não são burros - usam o que lhes convém do jeito que lhes convém...) ou "os juízes do STF que apoiaram por unanimidade os direitos civis para lgbts são todos manipulados por Satanás"... etc... O que pode ser dito diante de tanto non sense? São simplesmente INCAPAZES de raciocinar OBJETIVAMENTE. É inútil e frustrante tentar argumentar!

Parem de se enganar tentando tapar o sol com a peneira. O falso discurso do "Jesus te ama e eu também" ou "Deus ama o pecador, mas detesta o pecado" são estratégias para desarmar a vítima incauta, que geralmente está vulnerável emocionalmente por algum motivo. Essas estratégias são cuidadosamente ensinadas aos evangelizadores. Coloquem diante deles situações delicadas como aborto, pesquisa com células-tronco embrionárias, direitos civis para homoafetivos, etc., e vejam o "amor de Jesus" em ação...

Aconteceu comigo há alguns anos: eu estava participando de um encontro multirreligioso (sim! com dezenas de líderes de religiões diferentes, de várias partes do mundo - tinha até rabino judeu e sheik islâmico abraçados!). No intervalo entre as conferências, eu estava conversando com uma amiga do lado de fora do prédio quando um grupo de jovens evangélicos fundamentalistas (que não estavam participando do evento) apareceu panfletando suas mensagens de "amor". Um rapaz muito gentil e sorridente se aproximou de nós, distribuiu os panfletos e disse o bordão "Jesus te ama". Automaticamente, eu sorri de volta e retribuí "Krishna e Buddha também te amam". O rapaz se transfigurou numa imagem de ódio e começou a gritar que eu estava zombando de "Deus", até que seus correligionários o levaram. Esse missionário não foi bem treinado o suficiente para dissimular o que está por trás da mensagem de "amor" deles. Minha amiga e eu ficamos chocados.


Talvez não seja possível evitar a "nova Idade Média", mas não podemos simplesmente nos calar. Os profetas do ódio podem ser encontrados em qualquer esquina, no seu ambiente de trabalho, no vizinho da frente ou do lado da sua casa, disfarçados de "gente boa, tranquila". Pensem, observem à sua volta e vejam se não é verdade... Na parede de um consultório, no rodapé de um outdoor, num cartão de apresentação, no adesivo de um carro, etc. é fácil ver como "dão testemunho". Quando se junta ou quando vota, o exército da intolerância faz muito barulho, e sente muita confiança em seu número. São muito desunidos em suas facções, mas extremamente unidos para combater os "infiéis".

Não precisamos fazer tanto barulho quanto eles, se agirmos de maneira unida e consciente, votando certo, não nos deixando enganar, estudando e se informando, educando nossas crianças, promovendo a educação científica, participando de movimentos sociais. Pensem nisso. Façam a diferença, mesmo que não haja muita esperança... Nunca se sabe... A omissão simplesmente não é uma alternativa.